quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Discurso Paraninfo UFRJ 2012

Discurso de Paraninfo

Por Prof. Romildo Vieira do Bomfim
      Boa noite a todos aqui presentes: ao Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) Professor Roberto de Andrade Medronho(representado pelo Professor Francisco Strauss); à Coordenadora do Curso de Fisioterapia da UFRJ Professora Waleska da Silveira Venturelli e aos demais Professores homenageados.    
     Uma boa noite especial aos distintos pais, parentes, amigos e amigas que aqui estão para abrilhantar este momento ímpar dos nossos formandos fisioterapeutas. Uma homenagem, igualmente especial, a alguém que de algum lugar está nos vendo: a nossa saudosa Mayara Nascimento que nos deixou tão precocemente.     
     Não poderia começar o meu discurso sem antes lhes falar da honra e da emoção que sinto, ao me juntar a vocês, na condição de paraninfo, nesta noite de 10 de fevereiro de 2012, que considero inesquecível para todos nós e, sobretudo, para os nossos estimados formandos.
Meu muito obrigado! 
    Bem, dizem que discurso deve ser como saia de mulher: não muito curto para não nos escandalizar e nem muito longo para não nos entristecer. Portanto, caros presentes, para que ninguém fique triste e muito menos escandalizado, optei pelo caminho do meio.
     Durante o tempo que fiquei a pensar sobre o que iria abordar nesta noite, muitas ideias surgiram.  Mas, ao final de minhas reflexões me veio à lembrança de que a universidade é a casa do saber, uma formadora de opinião por excelência e, portanto, a sua função basilar é desenvolver nos cidadãos a máxima capacidade de pensar.  Em virtude desse atributo especial, optei por falar, brevemente, sobre ética, particularmente da ética nas relações profissionais.     
     Posto isto, vou inicialmente dirigir a minha fala aos distintos pais de nossos formandos.  Parabéns pais por terem sabido educar tão brilhantemente vossos filhos. Sempre é compensador, não custa lembrar, o investimento e quaisquer tipos de desgastes que todo pai e que toda mãe despendem na educação dos filhos.     
     Souberam valorar, assim como curadores de obras de arte, a educação e os princípios éticos/morais fundamentais para a convivência com o próximo. Aristóteles já dizia que as virtudes morais não são plantadas em nós pela natureza, como um dom divino, mas são produto do hábito, do costume, numa palavra: da boa educação. Novamente meus parabéns!
     A palavra ética, mais uma vez, está na moda. Muitos fóruns são organizados ao redor do tema. No entanto, apesar de a ética estar na berlinda, o nosso apagão ético é visto e lembrado nos mais diferentes setores da sociedade. Face a essa realidade, caros ouvintes, deixar de receber ou exigir propina virou um feito heróico. E este heroísmo foi bastante divulgado pela mídia por ocasião da ocupação da Favela da Rocinha, no início de janeiro deste ano, quando policiais recusaram propina de traficantes. Ora, recusar propina deveria ser um ato normal, óbvio. Não corromper e não ser corrompido não deveria ser visto como conduta exemplar, e, sim, obrigação de cada brasileiro. Não devemos, decididamente, nos orgulhar por isso! Os senhores se lembram da tsunami no Japão em 2011. Pois bem, muitos aqui não devem saber que os pertences das vítimas daquela tsunami foram quase todos devolvidos pela população japonesa que encontrou cofres com barras de ouro e milhares de carteiras com dinheiro. O equivalente a 125 milhões de reais. E em quem a população confiou para entregar o dinheiro e as barras de ouro? Na polícia, que localizou as pessoas em abrigos ou na casa de parentes.
    
     Lamentavelmente, o nosso apagão ético se faz também presente, nas clínicas, nos hospitais e consultórios. Alguns exemplos: 1)na demora do atendimento e na marcação de consulta; 2)quando se negligencia as queixas e sentimentos do paciente; 3)quando se vê o paciente unicamente pelo viés financeiro; 4)quando o profissional, devida a sua absurda negligência, não se empenha suficientemente no tratamento do paciente; 5)quando, em virtude do corporativismo, não se denuncia ou não se pune, exemplarmente, o profissional infrator; 6)na relação promíscua entre hospital e funerária; 7)ao se furar a fila dos transplantes de órgãos; 8)na relação, condenável, entre representantes de remédios e certos profissionais que impingem aos seus pacientes determinadas marcas de medicamentos, que nem sempre são eficazes; 9)na gestão, corrupta e desumana, de instituições de Saúde. Alguns destes verdadeiros crimes, senhores, tendem a se agravar quando ocorrem em hospitais públicos, pelo fato de que alguns profissionais entendem que pobre não merece respeito, atenção e solidariedade.

       Caros colegas formandos, sabemos dos percalços por que passaram.  Foram quatro anos de total entrega à universidade. Mas vocês conseguiram, com inteligência, muito esforço e persistência, chegar ao término do curso. Sinto-me particularmente honrado por poder fazer parte de momentos que nos marcaram. Lembro-me dos nossos exaustivos, porém necessários, debates sobre temas variados; das inquietações da turma quanto ao futuro da fisioterapia; da simulação do código de ética brilhantemente apresentado por todos vocês. Mas, creio, que o mais marcante foi, sem sombra de dúvida, o desejo em discutir assuntos políticos da profissão como foi o caso, por exemplo, daquele famigerado Projeto de Lei 7703, mais conhecido como “Ato Médico”. Realizamos 3 ou 4 encontros, onde estavam presentes o CA de Fisioterapia; o CA de Medicina;  o de Farmácia; de Educação Física; alguns alunos do recém-criado curso de Terapia Ocupacional e demais convidados palestrantes, a fim de se dar luz a um projeto antidemocrático e claramente caracterizado como reserva de mercado, como ficou constatado. E nessa empreitada não posso deixar de mencionar os nomes de Guilherme César, da Renata Freire , da Carolina Fragoso, do Jorge Fernando e do Danilo dos Reis, que fizeram abrilhantar com, suas lutas, o CA de fisioterapia. 

      Hoje, como fisioterapeutas, sintam-se privilegiados; pois o Brasil conta com 14 milhões de analfabetos(Censo do IBGE, 2011), mas vocês, agora, fazem parte dos 8% de honrados brasileiros que têm o ensino superior completo(OCDE- Organização para o Desenvolvimento Econômico). E que a partir de agora se inicia uma nova vida, repleta de desafios.  As oportunidades irão surgir.  Novos e diferentes problemas também. Mas vocês saberão, com inteligência, fazer as melhores escolhas. Na atualidade, meus caros, vivemos momentos marcados por acirradas competições, individualismos, egoísmos, onde o respeito, a fraternidade e a solidariedade passam a ser secundários. Particularmente, a nossa profissão historicamente foi bastante atacada. Resistimos desde a metade do século XX até os dias de hoje.  Colegas que os senhores não conheceram lutaram exaustivamente para que a nossa profissão fosse reconhecida e respeitada por todos. Apesar dos trancos que marcaram a nossa origem, e de termos sido empurrados para diversos barrancos, ainda permanecemos e ficaremos por muito tempo de pé, de cabeça erguida.  Recentemente, a Universidade de Chicago divulgou uma pesquisa, que fora publicada na Forbes, onde coloca a fisioterapia em 2º lugar, entre as profissões que mais trazem felicidade, só perdendo para clérigos(padres ou pastores). Penso que este resultado é muito em virtude de ser a fisioterapia uma profissão que se utiliza, sobretudo, do toque, do contato permanente com o paciente, do diálogo, da escuta, enfim, de situações onde se criam vínculos. E isto acaba por nos dar alegria e prazer no trabalho. Mas para que tudo isto ocorra, o profissional deve ser um apaixonado. Ou seja, o fisioterapeuta deve sentir paixão pelo que faz.  E não esquecer: a área da Saúde não é exata! Os advérbios sempre e jamais, não devem fazer parte de nossos protocolos. O que há de certeza, na área da Saúde, são as certezas passageiras.
     Por outro lado, estimados formandos, em momentos de crise ético/moral, como os que estamos vivendo, o que devem ser as nossas bandeiras são: a união, o respeito entre os profissionais de Saúde e o trabalho competente em equipes interdisciplinares; em prol do interesse, necessidades e o bem-estar dos pacientes. É influir, no discurso e na prática, na transformação do sistema de Saúde brasileiro. É permitir que ele (o paciente, pobre ou rico) expresse o seu pensamento, no entendimento de que ele tem direito. Seja pelo aspecto legal, profissional ou humanitário.
    
     Caros colegas fisioterapeutas, estamos chegando ao fim desta nossa última aula. Sou um pouco mais experiente que vocês devido, obviamente, a alguns anos a mais de vida. Fiz parte por algum tempo de movimento estudantil. Numa época em que a UNE(União Nacional dos Estudantes)não era Chapa Branca  como é agora! Eu era mais jovem, mais audacioso, às vezes um tanto quanto imprudente e tinha até mais fios de cabelo.  Os anos se passaram, mas ainda me causa perplexidade e indignação os absurdos, as violências e as injustiças a que presenciamos cotidianamente. O que eu quero dizer é que não deixem nunca de se indignarem, talvez esta seja a marca maior que caracteriza o jovem: a indignação. Ao ficar diante do paciente, não sejam apenas mais um fisioterapeuta. Procurem fazer a diferença. Não se calem frente às injustiças, sejam quais forem. Acreditem em dias melhores, sejam persistentes, comprometidos, dedicados e exemplares tendo como norte à construção de uma sociedade mais fraterna e justa. Mas vão em frente, e tenham a convicção de que o exercício profissional e o exercício da vida devem ser baseados em valores éticos consistentes. Procurem, meus caros jovens fisioterapeutas, superar os seus professores! Sejam melhores que os seus pais! E não pensem que todo esse apagão ético a que presenciamos é normal. Não aceitem isso como algo normal.  Pois, já passou em muito da hora de contradizermos uma profecia e infeliz verdade dita pelo Padre Antonio Vieira no século XVII, afirmou ele no Sermão do Bom Ladrão: “Aqui se conjuga o verbo roubar em todos os tempos, modos e lugares”.

     E para finalizar trago uma reflexão de Fernando Sabino, um dos nossos grandes escritores brasileiros, disse ele: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. Aproveitem o espírito carnavalesco que se avizinha e aproveitem. Muito obrigado pela inesquecível noite de hoje! Doe Sangue!


Um comentário:

  1. Saudações a todos neste fórum de blog, quero contar tudo sobre um avanço financeiro que o Sr. Pedro me ofereceu para superar quando eu estava morrendo de fome com meus negócios e família durante a pandemia de covid19. Eu me deparei com o Sr. Pedro no blog por alguém que o recomenda para quem procura empréstimo. Fiquei tão animado e motivado também para estar nessa posição de liberdade financeira porque minha família estava passando fome, entrei em contato com o Sr. Pedro no aplicativo que eu disse ele, minha história de vida sobre a situação financeira, ele me envia um formulário de inscrição para preencher com meus dados, o que eu fiz, depois que ele me enviou o contrato de empréstimo, encaminhei ao meu advogado para dar uma olhada e me aconselhar sobre como proceder. Eu assinei o contrato de empréstimo depois que meu empréstimo foi aprovado algumas horas atrás, banco entre em contato comigo para transferência de fundos e cobranças que preciso compensar no balcão do banco. foi muito bom trabalhar com o Sr Pedro e agradeço muito a ele pela ajuda que ele me deu que realmente ajudou minha família a passar fome. Entre em contato com o Sr. Pedro no e-mail: pedroloanss@gmail.com porque ele está sempre ocupado, mas eles também têm outro colega de equipe profissional trabalhando com ele, mas eu recomendo o Sr. Pedro para quem procura ajuda financeira.

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